A Apple vai investir cerca de R$ 400 milhões (80 milhões de dólares) em projetos para recuperar terras degradadas na América do Sul, em um modelo inédito que envolve ainda a compra de créditos de carbono. O investimento é em conjunto com a Taiwan Semiconductor Manufacturing Company, um dos maiores fabricantes de semicondutores do mundo, e a japonesa Murata, uma das fornecedoras de componentes para o iPhone.
No Brasil, o foco é em projetos de preservação da Mata Atlântica, bioma que já teve mais de 80% extinto e com dois terços das cinco mil espécies ameaçadas de extinção.
Um dos principais projetos envolve a preservação da Mata Atlântica em Trancoso, em Porto Seguro, com o cultivo de novas mudas de árvores. A meta é plantar mais de 1 milhão de mudas em 1.000 hectares somente em 2024.
Bruno Mariani, fundador e CEO da empresa de gestão florestal e investimentos Symbiosis, uma das empresas responsáveis por gerenciar os projetos, diz que o cultivo das espécies funciona como base para a restauração, permitindo o reforço da fauna.
Ele lembra ainda que a região ficará protegida da exploração de madeira. Segundo estudos da Symbiosis, há um potencial de reflorestamento de cerca de 40 milhões de hectares na Mata Atlântica.
“Estamos equilibrando a produção de madeira e os estoques de carbono. Para calcular o carbono armazenado, integramos dados de satélite e aprendizado de máquina para criar mapas de cobertura da terra e de carbono florestal”, explica Alan Batista, diretor financeiro da Symbiosis.
O executivo lembra que os dados de satélite são integrados às ferramentas de empresas como a Space Intelligence e Upstream Tech, que usam sensores de medição (chamado LiDAR) presentes nos próprios iPhone, para mensurar itens como a área de pastagem e o tamanho do desmatamento. Com isso, a companhia consegue ainda identificar terras pertencentes a comunidades indígenas, com as quais espera fazer parceria.
Além da Bahia, outro projeto envolve o Paraguai com a recuperação de florestas de eucalipto, que foram desmatadas.
Fonte: O Globo – Foto: Divulgação