Adolescente de 14 anos se tratou por quase seis anos e morreu.
Família achou a carta meses depois da morte do menino, em Curitiba.
Um garoto que lutou contra a leucemia dos sete aos 14 anos de idade deixou uma carta destinada para um doador de medula óssea, que ele nunca encontrou.
“Se você está lendo essa carta é porque você é meu doador. Quero te dizer que sempre estarei orando por você e estou muito agradecido por você doar a medula para mim e lembre-se: você salvou uma vida, a minha vida”, dizia um trecho da carta de Anderson. Ele morreu em dezembro de 2015, aos 14 anos, em Curitiba.
Meses depois da morte, a mãe de Anderson achou a carta escondida no fundo de uma gaveta. Era uma mensagem de agradecimento que ele escreveu para quem não chegou a conhecer.
A notícia
A notícia que abalou a família chegou em agosto de 2009. “Quando você senta na frente do médico e ele aponta pra você: ‘teu filho tá com câncer’, aquele momento pra frente, é tudo diferente. Tudo que você tinha pra trás, de sonho, planejamento, acaba tudo ali. Acaba. A única coisa que você foca é salvar o teu filho, fazer tudo por ele”, relatou Anderson Goulart, pai de Anderson.
Na época, Anderson tinha apenas sete anos. Ele era o filho mais novo do casal e irmão de duas meninas.
“Ele sempre estava sorrindo, sempre estava brincando”, lembrou o pai.
Durante quase seis anos, o Anderson e a família frequentaram o Hospital Pequeno Príncipe, na capital paranaense. Ele passou por todos os tipos de tratamento – um drama muito parecido com o de crianças que hoje estão no hospital.
Assim como alguns desses pacientes, o Anderson entrou na lista de espera por um doador de medula óssea compatível, mas não encontrou um doador.
Em 2016, o hospital fez 21 transplantes, a maioria pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Meninos e meninas que encontraram na família ou, então, cadastrados no Registro Nacional de Doadores Voluntários, alguém que salvou a vida deles.
“Quando você não tem um doador aparentado, que é um doador na família, a chance de você encontrar alguém com as mesmas características genéticas para aquela pessoa não é tão fácil assim”, explicou a oncologista pediátrica, Gabriela Caus Fernandes.
Alerta
A carta que não foi entregue a ninguém e traz um alerta sobre a importância de ser um doador de medula óssea. Hoje as frases escritas por Anderson revelam o sentimento que o fez lutar contra o câncer dos sete aos 14 anos de idade: esperança.
“Que essa mensagem venha a tocar as pessoas, que elas vão atrás fazer doação de sangue, que façam o cadastro nacional de medula”, falou o pai de Anderson.
Como doar medula
O número de voluntários cadastrados para doar medula óssea em todo o Paraná atualmente é de mais de 700 mil. O cadastro pode ser feito em qualquer banco de sangue.
Somente na rede do Centro de Hematologia e Hemoterapia do Paraná (Hemepar) são 22 postos.
O Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea foi criado em 1993, passando a funcionar no Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva – INCA, a partir 1998.
Para efetuar o cadastro, o candidato deverá apresentar um documento oficial de identidade com foto. O voluntário não pode ser usuário de drogas e não ter tido nenhum tipo de câncer ou doença hematológica, mesmo que já estejam curados.
No momento do cadastro serão coletados de 5 ml a 10 ml de sangue. Não é necessário estar em jejum, porém, é preciso evitar alimentos gordurosos nas quatro horas que antecedem a coleta. Se for verificada compatibilidade com algum paciente cadastrado o doador é, então, convocado para fazer testes confirmatórios e realizar o procedimento.
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