Franedir Gois/OPovonews
O Distrito de Rancho Alegre, também conhecido como “Caixão Sem Forro” no município de Caravelas, situado às margens da BR 101 está sempre ativo nas celebrações da cultura de tradição que teve início com os primeiros moradores da comunidade.
Mouro era o nome dado pelos cristãos às pessoas de pele escura e de religião muçulmana que habitaram a Península Ibérica, do século VIII ao XV. No entanto, não constituem um povo, nem uma etnia e sim uma generalização que os cristãos europeus fizeram dos muçulmanos tanto africanos, como árabes.
Os personagens encenam uma batalha medieval com dois exércitos, o Cristão, representado através das roupas com a cor azul turquesa, e o Mouro, representado pela cor vermelha. O enfrentamento é pelo poder da rainha Moura que é capturada pelos Cristãos, em troca a conversão dos Mouros para a religião cristã, o cristianismo.
Rancho Alegre mantém a tradição de a cada ano celebrar esta festa. Vem os representantes de outras comunidades como: Helvércia, Rio do Sul, Bela Vista e Juazeiro. Unidos realizam os rituais da dança, levantamento do mastro de São Sebastião, a batalha, com espadas, tiros de pólvora, dentre as cantorias.
Nesse domingo, (23) os participantes trouxeram o mastro de São Sebastião que vai ser levantado no dia 19 de fevereiro. Homens, mulheres, crianças, idosos mantiveram a tradição de que cada ano a celebração continuará viva e presente na comunidade.
Para Antônio Florêncio Filho, coordenador da Comunidade Católica de Nossa Senhora Aparecida, a celebração é um momento onde as pessoas participam, durante 3 dias, mesmo sabendo que no passado o aspecto religioso já esteve mais eficaz, comparado aos tempos de hoje, cuja a celebração envolve mais o profano levando a conotação da festa de São Sebastião. “No passado os festejos eram mais voltados para o aspecto religioso, onde vinham pessoas de outras comunidades e os festeiros matavam boi, porco e preparavam a alimentação para quem vinham. Tinha as cozinheiras que, de forma voluntária faziam a comida. Dentre elas: Dona Dete, Dona Paula (In memória), assim como dona Ana, ela que tinha uma pensão. Hoje, além das coisas que mudaram, existe a ajuda da Prefeitura Municipal que ajuda no transporte, nos fogos e no som, quando tem as bandas com cantores regionais”. Disse.
Manoel Benedito é um dos animadores da festa, com sua sanfona ele é sempre presença para manter viva a tradição. Ele a cada ano vem da sua comunidade, Bela Vista. “Há muitos anos eu participo, sempre sou convidado para vir aqui e fico feliz em poder marcar presença ajudando a manter viva a cultura dos Mouros e Cristãos”. Finalizou.
Ornelito Ricardo dos Santos, 80 anos, é cantor, compositor e apoiador da cultura na comunidade. “Essa é nossa festa, participo dela desde quando tinha dez anos. Eu saia da fazenda de meu pai, com ele que me trazia para eu aprender”. Relatou.
Maria Bibiana Gonçalves é uma das mulheres que participa e apoia os festejos. “Eu trago a ornamentação que depois vai servir pra eu tomar um banho e tirar o descarrego do corpo. É uma festa muito boa que participo há muitos anos e minhas filhas também acompanham”. Enfatizou.
Benedito Farias, capitão dos cristãos e Valdenir Cardoso, capitão dos mouros falam do levantamento do mastro que acontecerá no dia 19 de feveriro.