A Petrobras revisou nesta sexta-feira (30) a política de preços do diesel e da gasolina, dando certa liberdade para que a área de marketing e comercialização da empresa reajuste as cotações na refinaria de forma mais frequente, inclusive diariamente, em busca de maior competitividade e com o objetivo principal de recuperar receita e participação de mercado.
As premissas da política de preços que tem menos de um ano, entretanto, estão mantidas, garantindo que a empresa mantenha sempre os preços dos dois combustíveis acima da paridade de importação. Ao agir dentro da lógica do mercado, a Petrobras também abre espaço para concorrentes importarem os derivados de petróleo.
A partir da nova orientação, que começa a valer em 3 de julho, a área técnica de marketing e comercialização da Petrobras poderá realizar ajustes sempre que achar necessário, dentro de uma faixa determinada, de redução de 7% a alta de 7% — a orientação anterior era de reajuste ao menos uma vez por mês.
A margem de referência será determinada e também reavaliada sempre que necessário pelo Grupo Executivo de Mercado e Preços (Gemp), composto pelo presidente da Petrobras e os diretores executivos de Gás e Refino e de Finanças e Relação com Investidores.
Com a mudança, o diretor de Refino e Gás Natural, Jorge Celestino, disse a jornalistas que a empresa inaugura um novo ciclo, no qual a empresa buscará que as mudanças de preços sejam mais naturais, como ocorre com commodities em todo mundo.
“O que a gente vai ter é reajustes mais frequentes, podendo ser até diariamente, com isso, dando mais competitividade certamente com reflexos positivos para o consumidor, promovendo maior competição no mercado”, afirmou Celestino a jornalistas.
Toda vez que a Petrobras realizar uma alteração de preços na gasolina ou no diesel vendido nas refinarias, a informação será publicada em uma página na internet.
A mudança foi implementada após o Gemp avaliar que os ajustes que vinham sendo praticados, desde o lançamento da nova política, em outubro de 2016, não estavam sendo suficientes para acompanhar a volatilidade crescente da taxa de câmbio e das cotações de petróleo e derivados.
“A companhia tem que reagir a perda de mercado… queremos recuperar o ‘market share’ que perdemos”, afirmou o diretor financeiro da Petrobras, Ivan Monteiro, também na coletiva de imprensa.
“A importação está crescendo, importação crescendo significa que Petrobras está perdendo ‘market share'”, acrescentou ele, sem detalhar a fatia perdida.
Como exemplo, a Petrobras prevê que as importações de diesel por terceiros alcancem 1,2 milhão de metros cúbicos em junho, ante 959 mil m3 em maio. Já as importações por terceiros de gasolina deverão atingir 290 mil m3 em junho, ante 311 mil m3 em maio.
Um problema adicional da perda de mercado da Petrobras, segundo Monteiro, é a redução da utilização da capacidade do parque de refino, que segundo ele está começando a atingir um nível baixo que não é adequado para o funcionamento do parque.
“O grande beneficiário dessa nova política é o nosso cliente. O que a área comercial pediu foi para que a gente dê ferramentas para que a empresa possa encantar o cliente, reconquistá-lo, porque parte disso foi perdido para o mercado”, afirmou Monteiro.
No último reajuste, em 14 de junho, a Petrobras reduziu o preço médio da gasolina nas refinarias em 2,3% e do diesel em 5,8%, citando posteriormente preocupação devido à concorrência com produtos importados.
Reajustes mais frequentes com nova política podem trazer alguma volatilidade para o item combustível no IPCA, uma vez que os preços irão variar conforme o petróleo e o câmbio. Porém nada que tenha um impacto relevante sobre a inflação, de acordo com analistas.
“Grosso modo, não muda nada, dá na mesma. Continua sendo uma coisa muito mais de acompanhar o petróleo e o câmbio”, destacou o economista-chefe do banco de investimento Haitong Jankiel Santos.
Os preços dos combustíveis vêm ajudando a aliviar os preços dos transportes e favorecendo a forte desaceleração da inflação. O IPCA-15, prévia da inflação oficial, mostrou que em junho o item caiu 0,66%, levando a uma queda de 0,10% nos custos de transportes.
Para Monteiro, a nova frequência de ajustes de preços permitirá que a empresa reforce a entrega do Plano de Negócios e Gestão 2017-2021, que segundo ele está sendo cumprido.
O executivo destacou ainda que a empresa não prevê fazer uma revisão profunda do plano de negócios, como foi feito na história recente da empresa, já que as premissas atuais, em sua avaliação, estão claras e serão mantidas.
“Todo ano a Petrobras discutia a relação, discutia todas as suas principais atividades e a gente tem um foco claro na Petrobras que é o aumento da produção de petróleo e gás dado a qualidade do pré-sal. Esse é o nosso foco”, disse Monteiro.
Ajustes pontuais de orçamento, no entanto, poderão acontecer conforme o necessário, mas o executivo não quis dar mais detalhes e nem informar prazos, uma vez que não tem nada definido.
“A gente não vai no fim do ano discutir se a Petrobras vai ou não produzir petróleo… Agora, os aperfeiçoamentos para a base orçamentária anual, isso sempre ocorre”, afirmou.
Sobre a busca por parceiros na área de refino, os executivos explicaram que o modelo que será seguido ainda está em elaboração dentro da empresa.
A Petrobras não planeja terminar a segunda unidade de refino da Refinaria Abreu e Lima (Rnest), em Pernambuco, nem a refinaria do Comperj, no Rio de Janeiro, sem que haja um sócio para suportar novos investimentos.
Informações G1