O período de instabilidade econômica atravessado pelo Brasil entre os anos de 2014 e 2016 forçou o brasileiro a mudar seus hábitos de consumo e entender a forma mais adequada de utilizar as linhas de crédito com juros muito altos, como o cartão de crédito e o cheque especial.
A avaliação é feita pelo consultor econômico da Acrefi (Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento), Nicola Tingas.
Ele afirma que a crise resultou em uma “mudança positiva na postura dos consumidores” e fez com que o brasileiro entendesse “na marra” o perigo da tomada de empréstimos e financiamentos.
— Infelizmente, a recessão contribuiu para que o brasileiro começasse a entender que não pode usar cartão, boleto, cartão de compras e se endividar sem critério. É necessário saber escolher o crédito mais adequado.
A economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, afirma ter observado uma mudança “pontual” e “de curto prazo” no hábito dos consumidores. Ela observa que o controle de orçamento ficou mais rígido, mas avalia que as atitudes não podem ser consideradas suficientes.
— Hoje o consumidor pesquisa mais antes de comprar e realiza o controle do orçamento para conseguir fazer o salário chegar ao final do mês. Existe uma mudança nesse sentido, mas sempre com esses hábitos para resolver o problema naquela hora. A gente não considera isso como um consumidor mais consciente financeiramente porque ele não mudou todos os hábitos financeiros que deveria.
Crédito ruim
Kawauti alerta que o cenário ideal seria sair da crise com mudanças totais e conscientização de que existem linhas de crédito, como o cartão de crédito, o cheque especial e o crédito para negativado que requerem cuidado. No caso do crédito para negativado, a economista afirma que as taxas de juros podem alcançar os 900% ao ano.
Segundo Tingas, os brasileiros estavam misturando o orçamento com a tomada de créditos ruins, que devem ser considerados emergenciais e utilizados por um curto período de tempo.
— Não adianta se endividar até a testa e depois não ter fluxo para pagar. Essa aprendizagem só está acontecendo depois que muita gente está totalmente endividada. Agora, temos que apagar o incêndio da crise. (R7)
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